menos que hoje. dele na fotografia. nele, tempos atrás, mais novo. eu, mais novo. ele já envelhecendo. eu, também envelhecendo. ele, bigode. eu, alguns poucos quilos. dele, aquele cuidado de me apontar as coisas necessárias diante das desnecessidades cotidianas. apontava o jeito do limão espremido e expressado pela mão maciça. dele que fez minhas primeiras barbas com bozzano. era aquele jeito de espelhamento. do bigode bem cortado. do cabelo sempre com gomalina ou coisa parecida pro dia que começava. havia também aquela imensa e generosa pança, que mais parecia travesseiro de paina. dos desenhos coloridos que ali, na pele, também rabisquei com o velho baton da também envelhecida mulher da fotografia. daquele cochilo que era acometido de prazer e alguma angústia, com o braço sobre os olhos. da hora que saía o pão fresco da manhã e da tarde. ele que gostava muito de caminhar e de atravessar a rua. que gostava de uma prosa. que me apresentou, numa dessas tardes, a sala de troféus do clube de regatas do flamengo. da noite, em viagem de volta ao Rio, em que tomamos um banho de doce de abóbora que a tia Odila havia feito. ele, que tomava remédio pra dormir. que arrastava, pela casa, o calcanhar e os chinelos. ele que também tinha gosto de pão na mão. dele, que essa memória não se esvazia em dizê-lo, em lembrá-lo, em rezá-lo por tê-lo mais perto. por perto. mais dele um pouco mais. só mais um minuto. só pra mais uma das boas gargalhadas que cometíamos.
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