
enquanto lennon-mccartney iam se construindo como o casamento musical mais bem sucedido da música pop, george harrison aos poucos agregava acordes caçulas à sua intervenção melódica ao que seria um dia chamado de beatlemania. sim, se podemos dizer que os beatles constituiram uma identidade musical própria, muito se deve ao rapaz franzino e de sorriso simpático (e muitas vezes irônico) que agregou músicas como: taxman, i need you, pigges, here comes the sun, i me mine, entre outras, ao cenário musical mais fecundo da música contemporânea.
harrison parecia um desses caras tímidos e calados de olhar fugidio que estão prestes a estourar a bolha psicológica. e foi o que aconteceu! aos poucos harrison se agigantava dentro de uma personalidade mística quando se aliou a sonoridade e à meditação oriental (somando muito à sua matriz musical), o que consumou o beatle aparentemente introspectivo a se tornar uma voz independente dos outros. basta ver o primeiro álbum solo: all things must pass. para mim um dos grande discos da música. ou seja, harrison conseguiu seguir como um ex-beatle. o seu último álbum (brainwashed) representa a noção dos ganhos nos tempos dentro e fora dos beatles.
vide estas 5 fases definidas cronologicamente:
em 1964:
em 1966:
em 1968/1969:
em 1973 (a música é desse período, mas o show provavelmente seja da década de 80/90):
em 2002 (música do último álbum):
Um comentário:
O cara foi fundamental para a construção inteligente da personalidade múltipla e coesa dos Beatles. Em 1963, antes da primeira turnê dos fabfour aos EUA, Harrison foi até os ianques e de lá trouxe várias novidades fundamentais para a formação do gosto contemporâneo dos rapazes. O primeiro a ouvir com atenção Bob Dylan e a abrir os poros da percepção à cultura oriental.
George estava sempre aberto ao que transcendia à bolha Beatle. Mesmo antes de Lennon dar-se conta da artificialidade opressora em que eles estavam metidos, Harrison já demonstrava insatisfação crítica para com todo aquele aparato midiático reprodutor de vontades e dinheiro.
All things must pass é o melhor álbum solo de qualquer beatle. Inclusive superior ao Plastic Ono Band de Lennon.
Depois de tudo, e muito antes dos mega-shows beneficientes dos anos 80, 90 e 2000, o cara ainda promove o famoso concerto para a calamidade de Bangladesh. Lennon e McCartney foram convidados mas amarelaram na hora agá.
George merece olhares mais atentos. Pois seu tamanho é no mínimo comparável ao da dupla hegemônica que fez a cabeça e as paradas de sucesso desde os anos 60 até o momento em que eu escrevo essas palavras.
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