quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
da minha rua
os espaços em terraços. em prédios e vizinhanças. entre as telhas e lajes. fazem contorno à forma. modificam. exultam e insultam tanta cidade. para não falar das calhas e remendos de fios. da casca. da glorificação cada vez maior aos carros e suas buzinas emburrecedoras. esse andar manco. essa vida por menos de um fio. a cidade se equilibra. nem se diga dos subterrâneos. ali, a verdadeira cidade. acimentada em merda de esgoto. em fórmulas químicas cada vez mais químicas. a cidade se monstrifica. dá um salto no escuro. arfada. faz uma dança dantesca. regurgita. assalta. mas tem sempre uma praça que nos redime. um entroncamento de ruas de paralelepipedos. uma vizinhança viva. que celebra. que berra. que assalta todo esse excesso de asfalto. que não emudece. aqui florescem outras tramas mais belas. sulcadas dentro de uma flor embrutecida. mais vital. justapostas ao espaço da invenção. pois é necessário inventar uma cidade a cada gole que dela nos dá. entre a cicuta e o álcool.
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3 comentários:
Nossa aparição na paisagem, e a paisagem aparecendo na gente, pode ser, em certos dias propícios, algo bem próximo a reinventar a cidade. Sem alarde ou orçamento à mostra pras fotos publicitárias de ocasião.
viva o PAC!!!
tantas vezes debrucei meus olhos sobre esse concreto.. como que procurando algo que pulsasse.E o único pulsar respirante e transpirante foi, reamente, da vizinhança... que vibra, pulsa, estremece, mesmo escondida sob e detrás do concreto cinza e armado. O pouco verde que se nota é de uma praça perdida entre cruzamentos, mas que resiste e brinca com passantes, pombos, cachorros e artistas.
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