quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

deposimento

deposito meu deposimento. meu refresco ao turbilhão de convenções relacionais. estrangulo o arrefecimento das fábulas. acredite! como é fabuloso esse mundo entre torresminhos e cafezinhos! ainda mais depois que o refrigerador convida às tantas horas da noite a se tomar uma geladinha. é o que faço! deposito constantemente uma fala dentro da garrafa. uma fala antiga. e de tão antiga, ela fala mais saborosa. saracutia em meus ouvidos melodias melhores e mais órfãs. menos sabedouras e mais afeitas ao desbunde da escrita e da orgia. mas que fique claro que não tem aqui entendedor das cousas obscuras ou mesmo claras desta vida exageradamente finita. aqui estamos pra melhor ou pior (de acordo com o peso de cada alma) encontrarmos uns aos outros e nisso nos fazermos o que temos de pior ou melhor diante da nossa finita existência. é esse diabo nessa fé vã de poucas filantropias. é esse escárnio de duzentas avenidas sobre nossas cabeças. é essa escrita confusa que vai sendo feita sem o menor critério semântico. ela quer corroborar com falsa literatura dos pósmudernos. dos remendos e modos de expressão que se coisificam a cada propaganda televisiva. são fleches. luzes migradas das telenovelas e das esquinas malandramente bambas. de uma palavra maior que se queira inventar. que se queira bulir pra que maior seja a compreensão daqui. disso daqui. olha! disso! disso que falo. disso que é leito de rio. que vai. que corre. que amansa. que bebe. que infla e explode. que ri. que seja. que musgue. mas que ao final não seja um depoimento. um conclusão. mas que sejam portas, janelas, vãos, corredores ou estradas de várias mãos. e que me seja, por fim, um lugar bom de se morar. de se viver. para que num próximo fim, seja eu o melhor dos anfitriões.

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