segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

mauro franco da rosa

quando mauro atravessou a rua, foi também atravessado. objetivamente assim. recusou tomar remédio de cabeça. recusou se tornar bendito. são. naquele dia mauro atropelou carro, rua, remédio e a cabeça de quem o medicou. e toda a engessante sanidade. faleceu no bairro do andaraí quase enterrado como indigente. o carnaval começou com mauro atravessando a rua pra cair no asfalto. fazer parte do bloco. mauro que não era santo e que sempre dizia ver jesus. e que uma vez disse que era o próprio. e por acaso sua mãe se chama maria. foi quando começaram a dizer que não estava em boa companhia. foi duramente diagnosticado como esquizofrênico. a partir dali foi sempre estigmatizado como tal. o carnaval dele começou naquele tempo.
mauro que foi violeiro. que gostava de roberto carlos. que jogava bola como poucos. que torcia pelo clube de futebol das laranjeiras. que corria muito. que falava pouco. e que nas férias costumava ir à cidade de três corações.
foi um dos primeiros amigos que tive aqui no bairro da tijuca.
ele que sempre me procurava quando sabia que estava no rio. sempre me recebia com um sorriso. com uma afetividade que desconsertava qualquer intenção minha de querer enxergar uma pessoa anterior àquela.
desconfio que ele brincava com isso, e quem quer que não o tratasse como ele sempre foi!

e volto a perguntar: mauro, onde você está? me diga que vou correndo!

2 comentários:

c. disse...

entendi bem?

Gil Maulin disse...

sim, mauro faleceu por esses dias. um silêncio absurdo agora!!!! mas tenho gritado bastante!