meu projeto: cartas que não serão escritas

não se escrevem cartas. não se escrevem emails. não se pixam muros. não se colam selos. não se selam as cartas. não se falam mais. não falam mais. mudos. idiotas e mudos. idiotizados e mulas. são muros expostos diante de um silêncio constrangedor. nem bilhetes de amor. nem cartas de amor. nem postais se escrevem. nem pintam. nem desenham. só amontoam emails diários. segundo a segundo. desinformados. são deletados. são bytes ocupando espaço na memória virtual. e realmente não existem cartas. nem mesmo o orCU ou o facebundas falam. ali me parece mais todos nós besuntando o próprio umbigo. ou um silêncio constrangedor diante de nossas carências. direi (antecipando): são outros tempos! sim, não resta dúvida. outro animal está se produzindo. um bicho cercado de si mesmo sem a capacidade real e sensível de não só falar de SI. mas para o outro também e sobre o outro a partir do outro. o outro além de si pode ser também interessante.

(desculpe, mas foi um desabafo diante da leitura de cartas tão fortes e simples escritas por minha bisavó áurea. de um tempo em que escrever era demonstração de afeto). do afeto através da notícia.
a foto ao lado é uma dessas cartas.