sábado, 31 de julho de 2010

os jeromenses

ontem houve um forró por aqui. dos moradores antigos. dos não tão antigos, pois a vida corria através dos pés de cada um. fui como fotógrafo. as fotos não corresponderam ao que enxergava. estavam lá os antigos da região. dançando conforme suas pernas que não contavam a idade que tinham. 60, 70, 80, 90 eram as faixa etárias. o importante parecia celebrar a vida. algo mais que a vida. o movimento daquele instante. o arrebate. o aplauso. o rodopio pelo salão. parecia haver uma correnteza. um fluxo constante. pois corriam o salão. giravam. passões e passinhos. dos mais econômicos aos mais circences. e eu atravessando aquela correnteza de pernas. o embaralhamento de mãos e rostos. tentava entender o que ali passava. não apenas uma dança. era mais do que uma dança. corriam e dançavam. arriscavam. definitivamente arriscavam um passo a mais sem perceber os maiores precipícios. não se acovardavam. quando a música acabava voltavam com o passo lento às suas mesas. sentavam. respiravam fundo. suando. ventiladores ligados. e a correnteza recomeçava. um rodamoinho de pés em movimento. lá estavamos. náufragos. numa porção de terra em que o que menos importava era se saber cansado.

3 comentários:

andrealocatelli disse...

narradores de javé II

Luís Filipe disse...

Visualidade pura.

Gil Maulin disse...

o tempo estava presente e muito vivo naqueles retratos que foram feitos. e de tão vivos muitos me escaparam à representação.