segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

hoje antigamente

soa por demais como feira de achados e perdidos essa condição mínima de olhar pela janela e não ver mais a cidade como ela era. não dá para fazer o movimento do passado sem negar a versão do presente. não dá para entender esta versão sem uma sombra, ainda que nostágica ou não, do passado. tenho pensado muito nessas sobreposições de tempos. sincronia. diacronia. ruínas. fotografias. pá de cal. volume de tanta existência. de tantos antigos e novos espíritos que por aqui chegam. vejo-os a perambular todos numa mesma via. quantos já passamos pela mesma calçada, pisamos no mesmo meio-fio? tatuamos o cimento fresco. mudamos a pele das cidades. platôs de charme e vigarice. num mesmo dia o séc. xvi ao xxi. os tapuias e os anchietas. os jeromenses e os vitoriosos. na mesa que me sento estarão sempre comigo essa feira de gentes que ora se acha e muitas vezes se perde.