sábado, 22 de janeiro de 2011

os detetives - capítulo 3

eram por si mesmos denominados detetives. uma espécie de associação de casos inventados para serem devidamente solucionados. lá numa tijuca bem longe daqui. nos fins dos 70 ao começo dos 80. eram aqueles moleques ensaboados de poeira, e que coisa alguma os melindrava. bastava um sopro de invenção, e lá se dava uma nova encruzilhada. eram eles os detetives. não sabíamos porque exatamente daquele nome. talvez gang. talvez um grupo que se identificava pelo gosto possível de uma aventura de pular muros, investigar quintais, terrenos baldios, falas de fantasmas. pulávamos inteiros àquelas histórias inventadas por nossas sagas de correr o fim de semana adentro. sentávamos nas escadas pra bolar qual seria o próximo passo. lembro que numa dessas acabamos invadindo o quintal de uma das casas. era noite. vasculhamos sei lá o quê. o que valia era o gosto novo do improvável. parecíamos que entravamos numa espécie de transe. numa nova cartografia. entravamos por uma rua e saíamos por um bueiro. num mundo além de alice. lewis carol era principiante. nós éramos, naquele momento, os descobridores do non-sense. éramos os detetives que criavam seus próprios casos. nunca havia uma solução a se desvendar. o barato. o divertido era esse encantamento de um lugar que inventamos. respirávamos o medo e o apreço um do outro.

3 comentários:

MANGIBRE disse...

Essas memórias pedem muitos capítulos!

Gil Maulin disse...

bóra junta-las e faze-las!!! mesclar as histórias e personagens

Luís Filipe disse...

Tô dentro!