quarta-feira, 20 de abril de 2011

carta a meméia

velha,

como tá tua brancura? teus olhos verdejantes que são de dar pé na bunda de qualquer moleque desavidado. tua velhice que me deixa ansioso para chegar onde você está. tava na hora de dizer algumas para ti. aprendi a subir a ladeira da catedral. os cachorros me acompanham. também te acompanhariam se cá estivesse na sanha de uma missa. violo as condições do neto que nunca foi arteiro, mas observador das artes alheias. aprendi com todas elas. aprendo contigo. teu silêncio. teu enorme silêncio que povoa esses retratos que fez da vida até aqui. te espero pro fim do mês próximo. deitar no teu colo, esse velho neto que te chama de mãe. a tua saudade de tua mãe. o teu aninhamento junto aos filhos que te veem como lugar de chegar nesta tijuca que te tem como sobrenome. tuas irmãs aqui. eu tão longe delas. e o encantamento que não me falta para continuar vivendo. a tua beleza velha e mais que moderna. e as cortinas? lavadas? to aqui para pendura-las novamente se ainda me cabe subir na escada. e aquela janela? que mostram os passantes da antiga residência uruguaiana. como está teu terço? reze por mim? meu espírito às vezes insiste em saltar do corpo! trafego pelas ruas e pelas chuvas em que não existem sombrinhas. o sol mais vermelho e alaranjado como nunca. e como vês o mundo? tenho saudades dos teus segredos e condimentos! ainda o gnhoqui? bulias a fermentação da massa como mulher que sabes da vida os desenlaces de todos nós. quantos nós!!! a mesa tá posta.

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