quarta-feira, 28 de setembro de 2011

curti

escreve tua carta. te mande. se mande dentro dela, pois anda faltando força em teu diálogo e na escuta que é condição pra conversa diária. o monólogo que persiste em tuas diferentes caras, mas que tens apenas a mesma máscara. não blefe assim, pois as coisas andam difíceis no mundo de hoje. cada um cada vez mais querendo mais saber cada vez mais e menos de si mesmo. entendeu? pois é, o mundo é duro e tolo. mas não banque a pessoa panaca que só sabe se traduzir pelo afago ao próprio ego. sim, minhas prateleiras estão cheias de discos que não escuto há vários tempos. mas saiba que lembro deles todos os dias. são os velhos vinis. lembra deles?! pois é, as canções continuam as mesmas, mas a inanição do sentindo vem tomando conta de muita gente. qual? o do acolhimento. do olho no olho. do abraço. do afeto. dos atos incondicionais. sim, o mundo e a gente vem emburrecendo. digo mais, embrutecemos diante de um mundo que oferece tantas máquinas de relacionamentos: blogs, msns, facebooks, orkuts, etc... mas me parece que a cada dia que usamos essas máquinas de fazer miséria, mais nos tornamos indiferentes, omissos, covardes... enfim, seres egóicos e tristes. cada vez mais imperfeitos. não que queira a perfeição ou a polidez. longe de mim essa coisa de deus. mas o fato é que mais miseráveis vamos nos tornando. não da miséria humana... pois ela é inerente a espécie. de uma miséria que nos torna cada vez mais sozinhos e tolidos de qualquer senso de alteridade. a palavra morreu... assim dizia uma música bonita dos anos 70-80. é, a palavra morreu. mas eu, meu caro, continuo por aí, soletrando novas paragens, sondando o que me parece vivo, pois não resta dúvida que a minha miséria é continuar acreditando que a música, a literatura, as artes em geral nos libertam. sim, talvez o funk. talvez o negócio seria ter uma postura menos blase e mais funkeira. afinal, a estética serve como argumento de recriação das coisas a nossa volta. o negócio sempre será a reviravolta. do arrisco da risada. da amizade. dos desesperos. da falta de grana. do respiro maior que será a morte quando da sua amizade com a vida e a eternidade, pois é a finitude que me interessa. o instante. o flerte com o agora. pois é aí que está a exigência. não o depois, quando todos os mortos seremos nós! não te amofine frente a estas palavras. elas são o meu recado. a  minha curtição com a tua cara. o meu desafio e o meu afeto às nossas possibilidades de invenção.

5 comentários:

Luís Filipe disse...

O mundo de hoje oferece pouco resguardo às pessoas. Pra mim o ato de se resguardar tem muito a ver com a possibilidade de cuidarmos o mundo.

Saudades, meu amigo!!

Gil Maulin disse...

não to falando de resguardo, luís! to falando de compartilhamento das coisas. ando meio cansado com isso. é um papo antigo. hoje estou antigo. de mau humor mesmo.

saudades tb, meu caro amigo!

Luís Filipe disse...

eu sei que tu não estavas falando, mas eu pensei nisso a partir do teu escrito... pensava no excesso de exposição, e consequente falta de resguardo, das redes sociais e afins ... o título da postagem...

abração!

Gil Maulin disse...

pois é, mas o negócio tb é a exposição. expor não é o problema. o que vejo de imaturo nisso é o se expor sem uma vontade de manter uma "conversa". talvez ali não seja o lugar. talvez eu esteja provocando uma conversa fora dali. acho que é isso.

abraço

Gil Maulin disse...

mentira!