terça-feira, 10 de janeiro de 2012

na linhagem do tempo

quando te começo vem aquela leseira de todas as mesmas promessas dos anos anteriores. os braços largos. a voz mansa. o olhar minguado. a cerveja branda. todo começo tem essa sensação de disposição ao improviso. de depuração do suor. chego logo te abraçandobeijando seja lá como for. quero mesmo é fornicar suas taras e manias. suas tetas disformes. quero mesmo é romper com o tempo delicado. pois delicadeza mesmo, se encontra quando nós nos deixamos escutar. quero mesmo é a retidão do sono e da alegria. não essa medida de porralouquice dos usos de poetas que não se lê, apenas se copia e cola na página do facebook. quero a leitura densa de brás cubas. a honestidade caprichosa de drummond ou mesmo o aparente vazio de manoel de barros. deixem se sair por aí sem quaisquer amarras ou seguranças por mais que doa por muitas vezes, e sempre. não insistam apenas na pose exagerada do retrato em família. sim, é bonito e digno. mas e o preço?! tem seu peso, sua derrama, sua coisa qualquer de esquizofrenia. de ambiguidade. de umbigo. o ano foi feito para o exagero. pro desbunde. para se comprovar que o melhor do tempo não me parece apenas faze-lo, mas estar dentro dele pelo improviso. inteiro. integro. não te escondas quando virar o ano novamente e se pedir de presente o derradeiro poente das esperanças infinitas sobre aquilo que não tem cabresto: tua mesma vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não te escondas! Beijo