e ela dançava entre as cordas bambas esticadas pelo chão. lá estava ela, ser dançante que se esticava cambaleante. contornava as pessoas através do riso rasgado. encheu de maresia a ilha dos desavisados. avistou o mar sobre si. ancorou braços sobre o vento noturno. era assim que dançava. assim que ria escondendo seus pés descalços - desavisados sobre o que havia lá pra dentro de si. mas o que ali havia de uma dança que me comovia? qual o risco que me acometia? do vazio que havia? do silêncio quebrado pelas ondas escuras? eu não estava ali como par. era eu também um desavisado loucamente se convencendo que o tempo é pra hoje. havia sim naquela dança um germe de escárnio. uma ironia. uma fuga arredia. era a vida que cintilava, que não se deixava resumir por goles passados. queria o palco. a luz. o aplauso. aquele ser me assaltou sobre um banco de lembranças, vendo que quem dançava também era eu.
floripa, 29/08/08
2 comentários:
Muito bonito Gil! Digo eu, sentado ao teu lado, no mesmo banco.
mas a bailarina está calada, pelo menos agora...
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