terça-feira, 6 de novembro de 2012

do pau na flor

para Andrea

tenho agora uma dor que arde pra fora.

que não meço nome.
de tão dor que é, até sorrio.
pois é uma dor que tem de amor.
que invento até nascer do que for dessa flor.
que me faz girar em rodopio de doido.
dessa flor que te ofereço quando assim quiser
cultivar cor, pois de suas pétalas ácidas e doces
verdejam densidades de uma amoralidade que só brota
entre amantes enlaçados por essa espécie de
verdade que só se realiza quando embebidos
do gozo que flamula carne e espírito.
que se contorcem entre o ensejo do beijo e do pau.
das costas e dos pêlos enroscados na língua.
dos olhos que se abrem e fecham a cada toque,
a cada salivação que não melindra que a tua flor
me empurre pra dentro de ti para que possa assim, enfim,
transmutar toda a dor em confeito de muitos desejos 
para que nos enfeitemos de muitos lugares, 
e a partir deles possamos ser ainda mais o que for.