e se fosse o amor esquecer?!
fosse perdido?!
se fosse tudo menos amor?!
seria tudo menos o amor?!
seria o amor menor?!
e se tudo ele realmente fosse?!
se nós nos dispuséssemos, enfim,
ao nu?!
sem máscaras
sem tudo
seríamos mais animais se dele fossemos apenas cheiro?
seria o amor um dispositivo mecânico e plástico que se auto-destrói ao instante de vivê-lo?
arquitetura improvisada e cínica de cimento e cal?
seria ele o verdadeiro anti-herói que brinca de sê-lo?
que amor teria o gosto do falo?
doce e amargo?
seria ele o sortilégio dos desabrigados?
a lâmina cega e forçosa da dor?
quem mais pra entendê-lo melhor do que cães farejadores!
quem mais menino e menina que o amor entre dois adolescentes que se mexem e floreiam a poesia terrena!
quem mais efêmero que o amor dentro do lampejo do beijo desconhecido?!
teremos o amor quando de repente, inutilmente, amarmos uns aos outros tal como cristo assim pregou?
seremos dele inteiramente só para ele: cegos e imaturos
forjados em barro e pele
tal como ele foi inventado:
humano
esse amor sem regato
escarrado/
demovido
semente
falta ao amor a ignorância de não tender ao sentimento casto
que se transforme em pedra
em lama
em casca
será que assim podemos vivê-lo
sem que tenhamos lhe amordaçado?
Nenhum comentário:
Postar um comentário