sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

amor a contra pele




e se fosse o amor esquecer?!
 fosse perdido?!

se fosse tudo menos amor?!
seria tudo menos o amor?!

seria o amor menor?!
e se tudo ele realmente fosse?!

se nós nos dispuséssemos, enfim,
ao nu?!

sem vestes
sem máscaras
sem tudo

seríamos mais animais se dele fossemos apenas cheiro?

seria o amor um dispositivo mecânico e plástico que se auto-destrói ao instante de vivê-lo?

arquitetura improvisada e cínica de cimento e cal?

seria ele o verdadeiro anti-herói que brinca de sê-lo?

que amor teria o gosto do falo?

doce e amargo?

seria ele o sortilégio dos desabrigados?

a lâmina cega e forçosa da dor?

quem mais pra entendê-lo melhor do que cães farejadores!

quem mais menino e menina que o amor entre dois adolescentes que se mexem e floreiam a poesia terrena!

quem mais efêmero que o amor dentro do lampejo do beijo desconhecido?!

teremos o amor quando de repente, inutilmente, amarmos uns aos outros tal como cristo assim pregou?

seremos dele inteiramente só para ele: cegos e imaturos

forjados em barro e pele

tal como ele foi inventado:
humano

esse amor sem regato
escarrado/
demovido
semente

falta ao amor a ignorância de não tender ao sentimento casto

que se transforme em pedra
em lama
em casca

será que assim podemos vivê-lo
sem que tenhamos lhe amordaçado?

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