sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

das costas

as costas de uma mulher
pontas cardeais - plurais - murais
ao sul, o que é mais óbvio
ali ao norte, o entrave e o mistério
mas as costas de uma mulher são seus muros
platôs
plataforma de decolagem - às vezes cais
são digitais
também condição de leveza
alguma correnteza
é pelas costas que elas se dão
se vêem seres lunares - mutantes
é pelas costas que as amo
que as tolero
é de costas que chegam
nem feminias ou masculinas
são seres por si só
são seu convite: armadilha e cárcere
um mapa desorientado
um relevo em diferentes declives
quase sempre abismo
dançam - manipulam
afogam
mutilam
cegam de tanto significado
são seus açoites
seu lugar de trato e destrato
é pelas costas que as amo e amo e amo e fundura
e me demovo de mim: um bicho

2 comentários:

Luís Filipe disse...

As costas merecem essas tuas palavras. Poema pra repercutir (dentro e pros outros) depois de lido. Gostei pra caramba!

Anônimo disse...

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