voltando de uma caminhada agora pelo arredores de minha casa, no início da madrugada, me veio uma antiga sensação sobre o começo do tempo. de onde e como ele foi elaborado. essa façanha de mesclar imagens dentro de uma memória de passagens. cheguei na pista daquilo que chamamos madrugada. ela completamente vazia. movediças ruas. seus meio-fios de pedra e cal. sua aparente anti-matéria. seu reboliço silencioso. às vezes asfixia. suas árvores e troncos. mas são suas raízes quem chamam a atenção do notívago. gosto da madrugada por ela parecer não ter um tempo determinado pela lógica do dia. a madrugada é a suspensão do tempo. é a hora do vadio. é onde me percebo mais atento ao que me ronda. é onde me protejo. é a hora do porteiro do prédio. da vigilância adormecida. a madrugada me retém acordado e cativo ao seu encantamento sutil e discreto na sua aparente leveza. ao seu refúgio de esquinas e boas meninas. na madrugada tudo me convém. tudo se anuncia. é lá onde nasce e termina o tempo. é onde guardo o seu segredo que agora me confia.
Um comentário:
Bonito...
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