sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

o primeiro dia de vida

em posição de feto lá estava eu deitado na cama dentro daquele lençol respirando o ar daquela madrugada pesada. fechei os olhos. escutei o estalar dos sons que vinham da cabeça. aquele ar me tomava. o escuro daquele pequeno quarto. as janelas fechadas. nenhum som lá de fora. só o gás gelado que sentia refrigerar a minha pele. respirava fundo e destemido. o que viria depois dali? quem era eu dentro daquela cena? muitas imagens e gentes me chegaram num só instante. deu saudade da rua e dos cães que me ladravam. deu saudade de mim. arranquei o lençol do corpo como se estivesse rompendo a placenta de mim mesmo. rasguei aquele cheiro de gás que vinha de mim. somei tanta coisa boa naquele instante que me senti um idiota chafurdando sobre uma dor sem nome. nasci. olhei pra mim sem pena. me levantei, fui ao banheiro. lavei a cara. tomei um banho. me despi daquela tristeza e do quarto que morava. inventei novos faróis. e cuspi no chão que pisava pra ver da sorte que dava. e só deu!

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