Centro de Vitória: rua Duque de Caxias |
cidade alta:
cabeceira do porto.
guindastes sobre o mar
margeando meus olhos
que saltam sobre a paisagem
de um mundo violado
por minhas visitas as tuas esquinas
de mau cheiro
e água benta.
a cidade não me esquece.
escala sobre meus ombros
almejando as catedrais da minha falsa religião,
fazendo-me rua que caminha descalça,
que atravessa praça e mendigos como rio
que transborda
assolando margens.
inundando meus pés.
- só existo dentro de uma cidade.
porteiros e
ex-pecadores -
a cidade do cristo vitorioso na cruz:
fiéis habituados à cachaça e ao fumo.
do peixe caçado ao sururu ensaboado em barro e sal:
a cidade cais - rarefeita?
refém das pontes
em insularidade de solitários e solidários.
das moças em tramas de chita e algodão -
verdadeiras ilhas alagadiças em mangues e pó de ferro nos olhos e asas de seus urubus cativos.
suculentas fêmeas em dissabor com a
cama e o linho oferecidos por seus amantes acrobatas.
verdadeiros Anchietas que se apossam dessas mulheres,
tornando-as cruzes de carne e gozo.
o amor nesta ilha é a paixão mal falada.
é o ocaso do encontro.
é o escambo mendicante entre o horror e a fachada da casa de deus.
é a bandeira das bem-aventuranças que amanhecem na fé do esquecimento do homem
que nunca inventou a lua antes mesmo de conhecê-la.
2 comentários:
... vou a vitória daqui algumas semanas... levo comigo uma prélente poética, gil...abraço
então avise quando estiver por aqui!
abraço
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