domingo, 7 de outubro de 2012

A.L.

aquarela de Cícero Dias/1929


inventa de tudo para ser inteira. ambidestra. equilibrista. existem arquivos em seu olhar que sugerem um mergulho no sal.

amanhece sempre com uma flor nas ideias. amplificadora de cores que só ela sabe. fotografia máxima do invisível: microscopia.

ela que ama ao avesso. que rubra face quando se descobre amando. que saltita quando mais que feliz.

que se esconde quando sombra e cinza, mas que se inventa dela mesma pelos labirintos dela própria.

não canso de sabê-la. às vezes me abandono dela. mergulha na água, pois gosta de respirá-la.

que tem medo de tempestade e voo de avião.  ela que tem asas e ventanias.

e ventila uma docilidade de cão.

masca gengibre e se descobre menina como quem desenha e escreve "gengibre" numa folha de papel.

fecha os olhos e dorme como a noite:  calma, tempestuosa e imprevisível.

existem madrugadas adormecidas naquele olhar.

lentamente e decididamente pega sua bolsa, lenço e sapatos e sai sonambulamente nua... infinitamente nua.

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