domingo, 30 de março de 2014

conversa com a edméia


- lembra quando éramos jovens?
- essa ideia está muito longe de mim.
- mas lembra quando jogávamos bola no corredor do apartamento?
- isso já passou, Gil! mas sim, lembro!
- pois é, quis voltar outro dia pra lá.
- mas o que haveria de novo nisso? me parece tão ultrapassada essa tua ideia!
- é só um sentimento. uma velharia qualquer que gostaria de ver novamente.
- olha só, não há mais isso de voltar novamente. quis voltar quando minha mãe existia, mas e daí? não dá.
- tá muito pessimista, não acha?
- são os remédios. quando chegar na minha idade e só tê-los como referência de tempo, acho que entenderá.
- morrerei antes disso.
- bobagem! você não sentirá. quando ver, já estará sentado aqui, como eu. limitada e espremida diante do tempo.
- caramba! hoje você está relutante!
- não, não é isso. é a mudança da estação. para mim, agora, cada mudança entre elas é como se não houvesse mais nenhuma. espremida. é assim que me sinto.
- bora dar uma caminhada?
- hoje?! você está brincando comigo né, menino?
- "menino"… engraçado. gosto quando me chamas assim.
- sim, eu também. é quando volto para o início de algumas lembranças.
- bonito conversar contigo!
- sempre haverá tempo pra isso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Um belo poema e inspirada conversa.
beijo
Nilzanira Reyes

Gil Maulin disse...

Pedrita,

em parte é uma conversa que realmente aconteceu.

beijo, e obrigado pela presença.