quarta-feira, 4 de abril de 2012
Salvadô
Dendê Iemanjá na terra da baía de quase todos os santos que certa vez benzeu os meus pés à desaflição do meu riso torto.
Salve esse menino maroto que aqui se mostrou para fazer uma fé nas ladeiras dos pés-de-moleque e sal.
Cá me couberam os orixás e os pretos da rua com seus manejos de informalidade e caos.
Flerto com vocês essa mansidão latente de semi-deuses que se apropriaram da órbita do horror daqueles que vêm para cá e não o entendem como parte do nosso reverso histórico-católico.
Vou com vocês no caminho das esquinas das putas que mal dizem da crueza das cruzes e bandeiras aqui fincadas pelas caravelas lusitanas.
Distraio-me em teus horizontes de decadência e beleza que ajudam a afugentar o pudor da civilização branca-européia, e que vocês não temem em não negar para o aliciamento às alianças tão díspares entre a rede e o violão que vai de Dorival Caymmi à Margareth Menezes.
Salve a contradição que te habita no regato do mar em que só não te cabe a indiferença. Levanta tua reza pelas chagas do deus cruscificado para que se adiante o tempo em que todos os pecados serão a mais vasta beleza que o ser humano produziu quando cá esteve liberto do vacilo de um dia ter sido livre por suas próprias mãos.
Salvador de todos os uguentos, unges a tua cabeça com óleo, pois o teu cálice transborda.
Salvador/Praia do Forte, março/abril 2012.
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